Contribuições da cultura afro na literatura brasileira

 Contribuições da cultura afro na literatura brasileira.


  Na literatura tida como convencional o negro poucas vezes esteve em situação de destaque. Sempre fora representado como coadjuvante ou pertencente a uma subclasse. Lucia Maria Barbosa afirma que o negro na produção literária foi representado como objeto e não como sujeito. Até o inicio do século XIX, com exceção de Lima Barreto e Solano Lopes, a representação do negro na literatura quase sempre esteve ligada a estereótipos como submisso, negro dócil ou pertencente a uma sub-raça.  
Por meio da literatura, o artista recria o mundo, (re) significa valores, costumes e fatos (...). Desse modo, as condições sociais, os hábitos, as crenças, os estereótipos e os preconceitos compartilhados por um determinado grupo em uma determinada época são elementos formadores da visão de mundo e fatalmente estarão presentes na criação artística. Era necessário, portanto, ocupar essa lacuna na literatura brasileira e fazer justiça aos negros que tanto contribuíram na formação da sociedade brasileira. Favoreceram para o enriquecimento cultural, linguístico e social do país. As expressões “literatura negra” e “literatura afro-brasileira” causam discussão entre os escritores e críticos dessa literatura. Há quem defenda que o uso dessas terminologias particularizadoras acaba por rotular e limitar o trabalho dos escritores. Outros, no entanto, afirmam que o uso dessas expressões ajuda a destacar os sentidos da luta contra a exclusão no cânone literário tradicional. Neste trabalho, a escolha foi pelo uso da expressão afro-brasileira, já que o próprio termo remete ao processo de mestiçagem cultural, linguística e religiosa pelo qual passou e passa a sociedade brasileira. Nessa perspectiva, o discurso literário assume um lugar de apropriação de uma identidade até então distorcida ou boicotada pela sociedade. Daí a necessidade de o negro definir a sua própria identidade e construir uma consciência do que é ser negro na América. No âmbito literário isso se realiza a partir do momento em que o negro se assume como sujeito da enunciação de sua própria história, libertando-se da imagem quase sempre estereotipada que o atribuíam até então. A literatura afro-brasileira assume, então, como principal característica a presença de um eu lírico que rejeita a identidade atribuída a ele pelo outro e o desafio em assumir a escrita de sua História. Sendo a poesia o lugar privilegiado para as manifestações da subjetividade, essa literatura traria a transição de um “eu” alienado para aquele consciente de sua posição na História. Essa postura, na literatura brasileira, pode ser identificada também na música, que oferece diversos exemplos da tentativa em se consolidar uma produção artística que realmente atenda as necessidades e anseios dessa construção identitária.











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